Meninos de 6 e 9 anos da etnia Mura haviam saído para caçar em fevereiro
PORTO VELHO, RO -Dois irmãos de 6 e 9 anos foram internados nesta quinta-feira (17) no Hospital da Criança da zona oeste de Manaus para se recuperarem de quadro de desnutrição grave e serem avaliados por um pediatra após passarem 27 dias perdidos na floresta amazônica, em Manicoré.
O município fica a 332 km da capital do Amazonas. Os irmãos, indígenas da etnia Mura, se perderam na mata ao sair da aldeia Palmeira, na região do Lago do Capanã, para observar pássaros e caçar no dia 18 de fevereiro e não voltaram para casa.
A família das crianças pediu ajuda às autoridades e as buscas, sem sucesso, feitas pela equipe de bombeiros e pela polícia, duraram cerca de cinco dias. A família e amigos permaneceram então à procura das crianças.
Na terça-feira (15), um morador da região, ao entrar na mata para serrar árvores, avistou as duas crianças deitadas. Ao vê-lo, elas pediram socorro, segundo o relato. O homem contou à polícia que logo imaginou que seriam as crianças desaparecidas da aldeia Palmeira.
Os dois irmãos estavam a cerca de 15 quilômetros do ponto em que foram vistas pela última vez. "É uma região bem inóspita", afirmou o coordenador do Dsei Manaus (Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus), Januário Carneiro da Cunha Neto.
"Ele [o homem que as resgatou] carregou os dois e colocou na lancha para levá-los para a cidade e o hospital. Só consigo dizer que o que salvou os dois foram os espíritos da floresta. Foi Deus. Porque já não havia esperança de achá-los, embora a família nunca tenha desistido", disse Cunha Neto.
De acordo com Suzy Serfaty, a médica que fez o primeiro atendimento das crianças no hospital de Manicoré (AM), os dois estavam com desnutrição e desidratação graves e lesões na pele. Estavam lúcidos, segundo ela, mas com dificuldades de comunicação nas primeiras horas.
Irmãos de 6 e 9 anos da etnia Mura no momento do resgate, 27 dias após se perderem na floresta - Dsei Manaus/Divulgação
Um dos meninos chegou ao hospital com 12,3 kg; o outro, com 15,6 kg. Nesta quinta, haviam melhorado, e pesavam 14,5 kg e 18,3 kg, respectivamente.
"Mas estavam visivelmente consumidos e em estado de caquexia, que seria o grau mais alto da desnutrição, quando o corpo já não tem mais o que consumir para transformar em energia e acaba se utilizando da energia que tem nas fibras musculares para se manter vivo", disse a médica.
Os dois, segundo a médica, passaram a se comunicar melhor no segundo dia. "Quando chegaram estavam sem se comunicar, principalmente o menor, mas, no dia seguinte, já conseguiam falar sobre as queixas dolorosas e a fome que sentiam, mostrando que não apresentavam nenhum déficit neurológico", declarou.
"Eles foram daqui [Manicoré] já bem, sem risco de morte. Com estabilidade dos sistemas e melhora clínica e laboratorial. Os rins, que eram uma preocupação também, já estavam normalizados", afirmou a médica.
De acordo com a assistente social do Dsei Manaus Rossineia Lima, que acompanhou a chegada das crianças em Manaus, os dois estavam, nesta quinta-feira, na emergência, sendo avaliados para exames. Os garotos estavam acompanhados dos pais, que têm outros oito filhos.
"Vamos continuar dando o apoio até o momento das altas das crianças", disse.
Para o coordenador do Dsei Manaus, este é um caso isolado e difícil de prever quando possa ocorrer em uma comunidade. "É humanamente impossível prever um caso desse, são fatos isolados, uma fatalidade. Na região, é normal a criança brincar na floresta atrás de passarinhos e pequenos roedores", concluiu.
Um dos meninos chegou ao hospital com 12,3 kg; o outro, com 15,6 kg. Nesta quinta, haviam melhorado, e pesavam 14,5 kg e 18,3 kg, respectivamente.
"Mas estavam visivelmente consumidos e em estado de caquexia, que seria o grau mais alto da desnutrição, quando o corpo já não tem mais o que consumir para transformar em energia e acaba se utilizando da energia que tem nas fibras musculares para se manter vivo", disse a médica.
Os dois, segundo a médica, passaram a se comunicar melhor no segundo dia. "Quando chegaram estavam sem se comunicar, principalmente o menor, mas, no dia seguinte, já conseguiam falar sobre as queixas dolorosas e a fome que sentiam, mostrando que não apresentavam nenhum déficit neurológico", declarou.
"Eles foram daqui [Manicoré] já bem, sem risco de morte. Com estabilidade dos sistemas e melhora clínica e laboratorial. Os rins, que eram uma preocupação também, já estavam normalizados", afirmou a médica.
De acordo com a assistente social do Dsei Manaus Rossineia Lima, que acompanhou a chegada das crianças em Manaus, os dois estavam, nesta quinta-feira, na emergência, sendo avaliados para exames. Os garotos estavam acompanhados dos pais, que têm outros oito filhos.
"Vamos continuar dando o apoio até o momento das altas das crianças", disse.
Para o coordenador do Dsei Manaus, este é um caso isolado e difícil de prever quando possa ocorrer em uma comunidade. "É humanamente impossível prever um caso desse, são fatos isolados, uma fatalidade. Na região, é normal a criança brincar na floresta atrás de passarinhos e pequenos roedores", concluiu.
Fonte: Folha de São Paulo
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