Profissionais do GAC da Policlínica Rafael Vaz e Silva
PORTO VELHO, RO - Esta semana a equipe da Coordenação da Hanseníase da Agência Estadual de Vigilância em Saúde – Agevisa, fez a entrega simbólica de homenagens às equipes do Grupo de Autocuidado – GAC em Hanseníase, da Policlínica Osvaldo Cruz – POC e da Policlínica Rafael Vaz e Silva, em Porto Velho, durante reunião realizada com a participação da consultora técnica da Ong NHR Brasil, Marize Conceição Ventim Lima, do diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima e equipe, e integrantes dos dois grupos.
A reunião foi marcada por depoimentos emotivos. Pessoas com um choro que estava preso na garganta, soluços em meio a risos e palavras de agradecimento; aquela sensação de que a lágrima expressa a gratidão pelo acolhimento recebido por um grupo de profissionais da Saúde, que deu atenção àqueles que um dia se viram sós, silenciados pelo estigma do preconceito vivido por quem sofre com a hanseníase.
“O meu choro hoje é um choro de alegria. O grupo de autocuidado foi uma luz no fim do túnel”, disse uma das pacientes emocionadas.
Ela chegou recentemente ao GAC em Hanseníase da Policlínica Rafael Vaz e Silva, e relatou que as pessoas chegam no ambiente de tratamento e denominam a situação que se encontram, como devastadora, e que é muito difícil confiar sua fragilidade aos profissionais. Alguns ficam anos sem interagir com a sociedade ou falar sobre problema de saúde.
“A minha mãe não falava. Eu fazia massagens nos pés dela, sem saber o motivo, para aliviar a dor”, comenta de forma emocionada a filha de uma das pacientes atendidas em Porto Velho.
Chorando, relatou a história da mãe que ao ser diagnosticada com a doença parou de falar e interagir socialmente, por quase nove anos. Hoje, as duas frequentam o grupo de autocuidado e são exemplos de superação. A mãe inclusive, reconsiderou o pedido de aposentadoria, para voltar ao trabalho, onde se sente útil e feliz.
Wanderlei Ruffato (c) ao lado (d) da consultora da NHR, Marize Lima
“Quando a pessoa chega ao grupo, fazemos o diagnóstico e tentamos resgatar, não somente a saúde física, mas também a autoestima, melhorar a parte emocional e espiritual. Fazemos um atendimento integral e multifacetado, pensando em todas as esferas. Quando conseguimos atender o indivíduo, que muitas vezes não tinha uma expectativa de vida feliz, uma vida plena com sua família ou em sociedade; ao tiramos ele do isolamento, do silêncio, e restabelecemos o convívio em sociedade, isso é muito gratificante e faz com que a gente perceba que o nosso serviço, enquanto agente público tem finalidade, é de uma relevância, essencial”, disse o coordenador do GAC da Policlínica Osvaldo Cruz, Wanderlei Ruffato.
GRUPOS DE AUTOCUIDADO
Durante a reunião foi destacado pelos profissionais, que os grupos de autocuidado é um reforço para o acolhimento antes da avaliação neural. “Quando o paciente descobre, a primeira preocupação dele é com o outro. O que vão pensar? E não se preocupa com ele mesmo, em conhecer para não ser discriminado”, ressaltou a técnica em enfermagem que iniciou o trabalho de autocuidado na Unidade de Saúde Rafael Vaz e Silva, Daiana Cuellar.
A coordenadora Estadual dos Grupos de Autocuidado em Hanseníase, Edna Carvalho reforçou a necessidade do tratamento adequado. “É de fundamental importância que as pessoas acometidas realizem o autocuidado diário para prevenir sequelas neurológicas, como também, vejam e reflitam assuntos importantes para sua saúde emocional e psíquica, por isso o importante papel dos grupos de autocuidado”.
A coordenadora do Programa e Estadual da Hanseníase, Albanete Mendonça relatou que o objetivo principal da reunião e homenagem, foi explanar a relevância do tratamento. “É uma doença curável, mas representa um grave problema de saúde pública, devido ao seu potencial incapacitante, sendo marcada pela repercussão psicológica, gerada pelas deformidades e incapacidades físicas, que é uma das causas do estigma e do isolamento das pessoas”.
HOMENAGEM
O resultado exitoso no tratamento da Hanseníase, oriundo dos GACs levou o Governo de Rondônia a homenagear os agentes públicos. “A placa é uma homenagem em reconhecimento às equipes de autocuidado, da Capital e do Estado, pelo empenho e acompanhamento das pessoas acometidas pela hanseníase. O Poder Executivo busca oferecer um trabalho de apoio e incentivo para que o cidadão tenha um atendimento de excelência. Realizamos o primeiro desfile de biojoias com padrão alto, no intuito de dar visibilidade ao projeto Biohans, aos grupos de autocuidado e ainda mobilizar a sociedade positivamente para o enfrentamento à hanseníase”, disse o diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima; informando a 2ª edição do desfile para dezembro deste ano.
Gregório enfatizou, também, que o apoio dado pelo Governo do Estado é uma forma de fortalecer o programa e agregar mais ainda os grupos, que devem ser estendidos aos 52 municípios. “Que os grupos possam participar das atividades, sejam agregados e sejam valorizados. Um paciente traga outro paciente. O que mais observamos é que a pessoa por falta de conhecimento se tranca, se isola, mas a doença tem cura e é preciso falar dos casos exitosos, para que mais pessoas possam ser agregadas ao tratamento”, pontuou.
PARCERIA
Pacientes em tratamento participam da produção de biojoias em Rondônia
As atividades realizadas pelo Executivo Estadual contam com a parceria da NHR, uma organização não-governamental holandesa com sede no Brasil, que há mais de 30 anos vem apoiando ações de combate à hanseníase em Rondônia. A parceria, segundo o diretor-geral da Agevisa, será formalizada em breve, após estudo jurídico, e um dos projetos emblemáticos realizado é o Art’s BioHans, de Reabilitação Socioeconômica, apoiado pela NHR Brasil e executado pela Agevisa, resultou no desfile de moda aberto ao público e que será incluso no calendário anual da agência.
A consultora técnica da OngG NHR Brasil, Marize Conceição Ventim Lima, ressaltou a parceria de décadas que é mantida com o Estado de Rondônia, e destacou que o apoio e a presença da gestão na parceria ajudam muito no fortalecimento das atividades.
“Em junho a NHR fará uma oficina no Estado para atender os profissionais com qualificação. Semana passada fizemos uma visita pelo Estado e percebemos a necessidade de dar as mãos para fortalecer o trabalho de consolidação dos grupos de autocuidado que existem e formação de novos no Estado, que além de proporcionar a melhoria da qualidade de vida do paciente, ajuda na luta pelos direitos e garante visibilidade, porque a hanseníase ainda é uma doença negligenciada”.
De acordo com a programação da Agevisa, o projeto Biohans vai ter um espaço de exposição na Rondônia Rural Show Internacional, uma feira governamental que agrega empreendedores do agronegócio de todo o Brasil, prevista para acontecer entre os dias 23 a 28 de maio de 2022.
Em dezembro ocorrerá a 2ª edição do desfile de moda BioHans, e ainda no primeiro semestre deste ano haverá um ciclo de capacitação para os profissionais que atendem no tratamento da hanseníase. “A gestão tem feito muita diferença na execução de políticas públicas, um trabalho que promove a melhoria da qualidade de vida das pessoas acometidas pela doença”, reforçou Albanete Mendonça.
“Nós enquanto agentes públicos, temos que atender ao paciente em toda a sua integralidade. Quando trabalhamos no aspecto da Saúde, resgatamos o termo constitucional que fala que saúde é um completo bem-estar físico, mental, social, espiritual; um direito fundamental do ser humano – um dever do Estado. A Organização Mundial da Saúde – OMS, traz o enfoque que é o restabelecimento da dignidade humana, pensando o social, espiritual e o mental, porque toda doença não traz consigo só o comprometimento orgânico, mas ela tem o emocional. Precisamos restabelecer esse indivíduo que muitas vezes é marginalizado pela sociedade, não é valorizado e ainda tem preconceito com ele mesmo”, salientou Wanderlei Ruffato.
O coordenador do GAC da Policlínica Rafael Vaz e Silva defendeu ainda, a composição de uma equipe de multiprofissionais para atender a demanda de pacientes com hanseníase. Para ele essa equipe é fundamental, levando em consideração que cada profissional tem sua expertise, área específica.
“Por mais que você entenda um pouco da área do outro, tem pontos que não conseguimos avançar, por isso, a necessidade de ter integrado no serviço todos os profissionais: médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais. Todos esses especialistas e demais agentes da área técnica de enfermagem, órtese e prótese, e administrativos são fundamentais para a gente conseguir atender o paciente, dando aquela atenção especial que o próprio Sistema Único de Saúde – SUS determina para um atendimento integral, universal que restabeleça realmente a saúde do paciente”, finalizou.
Fonte: Governo de Rondônia
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