Caetano 80 anos: artista é exaltado por personalidades brasileiras há anos
A voz da irmã Maria Bethânia ecoava "Carcará" na esquina da Ipiranga com a São João e em outras esquinas do país, mas Caetano era ainda discreto coadjuvante de um certo grupo baiano que tomaria de assalto a música popular brasileira, dividindo-a em antes e depois dele, isso mesmo, AC e DC.
Menino elétrico, vivo, observador, atento a tudo, capaz de expressar opinião sobre qualquer coisa. Lá vem o irmão da Bethânia, diziam quando ele movimentava sua silhueta esguia pela Galeria Metrópole de São Paulo ou quando pedia abrigo na casa do crítico de comidas Paulo Cotrim, criador do histórico Juão Sebastião Bar, uma ilha de liberdade no desatino da ditadura militar, ainda jovem, mas já bem instalada no país. Caetano pagou caro por ter despontado naqueles anos sombrios.
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Em setembro de 1968 ele gritava no palco do Tuca, em São Paulo: “Gilberto Gil está aqui comigo pra nós acabarmos com esse festival e com toda a imbecilidade que reina no Brasil, pra acabar com isso tudo de uma vez”. Não dá nem para invocar o “perdoai-os, eles eram jovens e não sabiam o que faziam”. Porque eles já não eram tão jovens, ambos tinham 25 anos. E Caetano açoitava a plateia juvenil que usava a vaia como mordaça, proibindo-o de cantar "É Proibido Proibir”.
Caetano é um cometa em eterno trânsito pelo firmamento, da mesma estirpe do Badauê, o afoxé que, depois de uma passagem meteórica pelo Carnaval da Bahia, nos anos 1970, cravou, na raça, as tradições afro-descendentes no coração do Brasil. Beleza pura!
Caetano é uma dessas guinadas na aventura humana, quando uma mente iluminada resolve partir pra outra e muda tudo. Um homem que aprendeu com os pais a sempre pedir licença, mas nunca deixar de entrar.
Fonte: Rondoniaovivo
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